Emily Dickinson, Rachel Carson e a Nova Criação
Precisamos de uma linguagem da reconciliação infiltrada no solo da cultura
Emily Dickinson, Rachel Carson e a Nova Criação
Por Makoto Fujimura
Tradução: Alexandre Sartório
O grande poeta americano Wallace Stevens afirmou:
“... a verdadeira força religiosa no mundo não é a igreja, mas o próprio mundo – o misterioso chamado da Natureza e nossas respostas... O sacerdote em mim louvou um Deus num santuário; o poeta, outro Deus em outro santuário. O sacerdote louvou a Misericórdia e o Amor; o poeta, a Beleza e a Força.
A dicotomia dos dois “santuários”, que Wallace Stevens percebeu em si mesmo, capta bem o conflito moderno entre arte e religião, ou talvez mais precisamente entre natureza e religião. Neste conflito, a Arte segue nas duas direções, ou é forçada a vacilar entre elas. Esta cisão dificulta que se fale de Creation Care [Cuidado com o planeta ou Criação] em nossa cultura pragmática, movida pelo que é utilitário, ou mesmo em nosso discurso acadêmico. Do mesmo modo que Stevens, lutamos para perceber onde Deus se encontra, nos tempos modernos.
Como podemos percorrer esse território fragmentado? Existe um caminho que nos deixará mais próximos de ver a Deus ao mesmo tempo nas tradições religiosas e na natureza? O Deus que criou tudo o que existe e o Deus Poeta que gerou, pelo canto, a criação podem ser nossos guias e levar-nos ao Creation Care?
O que chamo de Culture Care [Cuidado com a Cultura/Cuidado Cultural] emana naturalmente dessas questões. O território fragmentado leva a uma polaridade imediata, quando se trata do Creation Care; acontece um colapso imediato da comunicação. Precisamos de uma linguagem da reconciliação infiltrada no solo da cultura antes que possamos espalhar as sementes do Creation Care. Além disso, o Culture Care adota uma postura bastante diferente da mentalidade “nós contra eles” das ‘guerras culturais’.
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