Flannery O´Connor e a matemática da exclusão
Flannery O’Connor surgiu na literatura como alguém que ia à contramão do seu tempo.
Flannery O´Connor e a matemática da exlusão[1]*
Por
“Com Flannery a certeza de que o mal será finalmente derrotado já existe logo na primeira sentença esculpida a custo de muita paciência e muito estilo, camada por camada; mas agora o problema, para uma artista que quer se afirmar como católica em um universo contaminado pela “cristofobia” (sobretudo na casta intelectual), é manter o que lhe parece ser o certo sem deixar infectar-se pelas seduções da escuridão, mesmo que esta pareça estar envolta na mais radiante das luzes.” (Martim Vasques da Cunha)[2].
Então, está dado o primeiro passo. A frase pinçada ao ensaio de Vasques aplica-se ao romance “O Céu é dos Violentos” (com tradução disponível em edição portuguesa), mas poderia ser aplicada a vários contos da antologia de “Contos Completos” da edição brasileira da Cosac Naify.
Há também a dívida com a prova de que Flannery O´Connor, que deseja ser publicada em português, precisou esperar a omissão de nossos editores por mais de quatro décadas depois de sua estreia (1946). Só então, em 1991, seus leitores puderam lê-la no vernáculo do Brasil[3].
Não estando pronto para falar de uma pessoa tão sofisticada e tão mal compreendida, queria adiar esta crônica, no que fui impedido pelo meu editor (em 2020). As leituras esparsas que os brasileiros podem fazer da obra de Flannery O´Connor, embora ela tenha a mesma estatura que outros de seus conterrâneos (sulistas) norte-americanos, é um vazio que justificou o título deste artigo.
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